A trama está
urdida
Negócios,
05 Junho 2012 | 23:30
Octávio Teixeira
O
ministro sombra António Borges deu o pontapé de saída: "a diminuição dos
salários é uma urgência". E, como qualquer urgência, não pode esperar. Tem de
ser já e em força.
O
ministro da Economia corroborou a ideia e adiantou estar já "a ser equacionada"
a sua concretização. Formalmente referiu-se à baixa da Taxa Social Única (TSU)
para empresas que contratem jovens trabalhadores com menos de 25 anos e com
salário mínimo. Mas esclareceu que a redução da TSU se reduzirá à medida que o
salário aumentar. Ou seja, para continuarem a beneficiar dessa redução as
empresas não podem aumentar os salários baixos. E como entretanto se facilitou o
despedimento individual e baixaram as indemnizações por despedimento, o roteiro
do filme é linear: não se trata de criar mais emprego, mas de substituir
trabalhadores por outros com salários mais baixos.
O
ministro das Finanças apadrinhou. Segundo ele o Governo não terá uma visão de
futuro baseada em baixos salários, "mas para chegarmos a esse futuro"… tem de
ser.
E a troika coordenou: "são urgentemente necessárias medidas que permitam às empresas maior flexibilidade para ajustarem os custos do trabalho".
Embora negada pelo primeiro-ministro (manter aparências a isso obriga pois os ministros esquecerem que "o silêncio é de ouro"), está urdida a trama para uma maior redução dos salários. A perspectiva do Governo é o modelo de baixos salários, responsável pelo medíocre desempenho económico que temos. Ignorando acintosamente que qualquer análise objectiva prova que a nossa economia não tem um problema de competitividade pelos custos salariais.
Ideologicamente, para o Governo e a troika tem de ser assim. Só a mobilização dos trabalhadores pode impedir a concretização dessa tecedura.
Economista e ex-deputadodo PCP
Assina esta coluna semanalmente à quarta-feira
E a troika coordenou: "são urgentemente necessárias medidas que permitam às empresas maior flexibilidade para ajustarem os custos do trabalho".
Embora negada pelo primeiro-ministro (manter aparências a isso obriga pois os ministros esquecerem que "o silêncio é de ouro"), está urdida a trama para uma maior redução dos salários. A perspectiva do Governo é o modelo de baixos salários, responsável pelo medíocre desempenho económico que temos. Ignorando acintosamente que qualquer análise objectiva prova que a nossa economia não tem um problema de competitividade pelos custos salariais.
Ideologicamente, para o Governo e a troika tem de ser assim. Só a mobilização dos trabalhadores pode impedir a concretização dessa tecedura.
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