D. Manuel
Martins, Bispo Emérito de Setúbal
«Vejo esta crise com muita apreensão,
com muito desgosto, com alguma vergonha. Estou convicto que esta crise era
evitável se à frente do país estivessem pessoas competentes, isentas, pessoas
que não se considerassem responsáveis por clubes, mas que se considerassem
responsáveis por todo um povo, cuja sorte depende muito deles. E fico muito
irritado quando, por parte desses senhores, que nós escolhemos e a quem pagamos
generosamente, vejo justificar que esta crise impensável por que estamos a
passar, é resultante de uma crise mundial. Há pontas de verdade nesta
justificação. Esta crise, embora agravada por situações internacionais, é uma
crise que já podia ter sido debelado por nós há muito tempo, se nós não
andássemos a estragar o dinheiro que precisávamos para o pão de cada dia.(...)
Estas situações, da maneira como estão a ser agravadas e, sobretudo, da maneira
como estão a ser mal resolvidas, podem ser focos muito perigosos de um incêndio
que em qualquer momento pode surgir e conduzir a uma confrontação e a uma
desobediência civil generalizadas (...). Mete-me uma raiva especial quando vejo
o governo a justificar as suas políticas e as suas preocupações de manter e
conservar e valorizar o estado social do país. Pois se há alguém que esteja a
destruir o estado social do país, é o governo, com o que se passa a nível da
saúde, a nível da educação, a nível da vida das famílias, dos impostos, dos
remédios, mas que tem só atingido as pessoas menos capazes, enfim as pessoas que
andam no chão, as pessoas que estão cada vez com mais dificuldades em viverem o
dia-a-dia, precisamente por causa destas medidas do
governo.»
D. Manuel Martins, Bispo emérito de Setúbal, em entrevista à Antena 1. |
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